O que devemos evitar numa pasta de dentes?

Eis, aqui, um guia simples acerca dos ingredientes a que devemos prestar atenção na hora de escolher a pasta de dentes certa.

A próxima pasta de dentes que comprarem tanto pode ajudar a remineralizar os vossos dentes e a proteger o esmalte, como pode danificá-lo, secar as vossas gengivas e aumentar o risco de formação de úlceras. Tudo depende da sua composição. 

Portanto, vamos olhar para as caraterísticas mais importantes das pastas de dentes atuais, de modo a aprender como identificar e rejeitar as que podem ser prejudiciais.

1. Proteger os dentes de riscos e enfraquecimento causados por abrasivos fortes

Os abrasivos são pequenas partículas insolúveis que ajudam a escova de dentes a eliminar a placa bacteriana dos dentes. Assim, os abrasivos são o que torna a pasta de dentes espessa e lhe confere a sua capacidade de limpeza.

O bicarbonato de sódio é o abrasivo mais conhecido, sendo também um agente clareador. A sílica hidratada é outro abrasivo seguro que é comum encontrar nas pastas de dentes.

Todos os abrasivos que são usados em pastas de dentes não são tóxicos, sendo sempre usados na sua forma insolúvel, para que possam funcionar como partículas abrasivas. Portanto, seja sódio, alumínio ou cálcio, o que importa é o tamanho das partículas:

  • se as partículas forem muito finas, a escovagem dos dentes pode ser mais suave e agradável, não provocando stress no esmalte;
  • se, por outro lado, as partículas abrasivas forem grandes e grossas, estas poderão danificar o esmalte e causar irritação nas gengivas.

Mas, então, como medir a abrasividade total de uma pasta de dentes? Através do índice de Abrasividade Relativa da Dentina (RDA):

  • O RDA mais baixo (e, por isso, mais indicado) situa-se entre 20 e 70. As pastas de dentes com um RDA abaixo de 70 são suaves e não causam danos ao esmalte. Um RDA mais baixo significa partículas mais finas, o que proporcionará à pasta de dentes propriedades de limpeza mais suaves e, ao mesmo tempo, mais efetivas.
  • O RDA médio está entre 70 e 100. Uma pasta de dentes com estes níveis de RDA tem uma aceitável abrasividade média e é apropriada para uso prolongado, caso tenhamos dentes saudáveis. A maioria das pastas de dentes do mercado fazem parte desta categoria.
  • O RDA alto situa-se entre 100 e 150. É um nível de abrasividade alto que não é considerado seguro, pelo que as pastas de dentes com este RDA devem ser evitadas.

2. Atentar a agentes tensoativos agressivos

Um tensoativo é um agente que contribui para a formação de bolhas e espuma espessa, bem como para espalhar líquidos nas superfícies. Ajuda a pasta de dentes a alcançar até os espaços mais estreitos entre dentes. A maioria dos tensoativos são totalmente seguros e não provocam reações nos dentes ou na mucosa da boca. Sem eles, a pasta de dentes ficaria colada aos dentes, em pedaços.

Infelizmente, nem todos os tensoativos são igualmente seguros. Um que deve mesmo ser evitado é o LSS – Lauril Sulfato de Sódio. Está provado que este causa irritação nas gengivas ou reações alérgicas, especialmente quando usado frequentemente no revestimento mucoso da boca. Além disso, quem usa uma escova de dentes elétrica tem de estar ciente de que este tipo de escova consegue limpar mais profundamente os dentes se estes não estiverem cobertos de espuma, sendo o LSS o principal responsável pela formação de espuma da pasta de dentes. Portanto, nesse caso, pastas de dentes com este ingrediente devem ser evitadas de todo.

No entanto, se tiverem, ocasionalmente, de lavar os dentes com uma pasta que contenha LSS, não se devem preocupar: o uso esporádico não irá afetar mais do que a alteração temporária do nosso paladar. Este é, então, outro dos motivos pelos quais as pastas de dentes com LSS não devem fazer parte da nossa rotina diária de higiene oral: um simples café ou sumo de laranja podem parecer ter um sabor horrível após o uso destas pastas.

3. Evitar pastas de dentes que contenham microplásticos

Os microplásticos são fibras microscópicas e grãos de plástico que se encontram, principalmente, na água e nos solos. De acordo com a National Geographic, estes são definidos como plásticos com menos de 5 milímetros de diâmetro. 

Muitos fabricantes adicionam microgrãos de plástico aos produtos cosméticos, devido às suas propriedades de purificação. Esta é, no entanto, uma tendência muito prejudicial para o ambiente, pelo que as pastas de dentes (e quaisquer outros produtos cosméticos) que contenham microplásticos devem ser evitados.

4. Evitar aditivos desnecessários

Indo além dos ingredientes básicos, existe todo um universo de aditivos que não devem fazer parte de uma boa pasta de dentes. Muitos deles podem ser prejudiciais, não só para os dentes e a mucosa oral, mas também para outros órgãos, se usados durante longos períodos.

Ingredientes prejudiciais mais comuns nas pastas de dentes:

  • Agentes branqueadores em grandes quantidades, geralmente, têm um efeito mais rápido. No entanto, estes também enfraquecem o esmalte e tornam os dentes mais vulneráveis a bactérias e outros danos. Assim, o branqueamento dos dentes pode ser alcançado de uma forma mais suave e saudável, através do uso de mecanismos enzimáticos com concentrações seguras de outros agentes clareadores.
  • O triclosan é um agente antibacteriano e antifúngico. Age contra certas bactérias e contribui para a prevenção da gengivite. Porém, se usado por longos períodos de tempo, este agente também aumenta a resistência das próprias bactérias. Além disso, testes realizados em animais também concluíram que o triclosan pode ter um efeito cancerígeno, pelo que sugerimos evitá-lo nas pastas de dentes.
  • Os parabenos são usados principalmente como conservantes, devido à sua ação antimicrobiana. Estes podem ainda desregular o sistema hormonal, por imitarem a ação da hormona estrogénio. Nalguns casos, o uso prolongado de parabenos pode mesmo resultar em cancro da mama.
  • A dietanolamina e ingredientes com ela relacionados são usados como emulsificantes ou agentes espumantes em produtos cosméticos. Por vezes, são usados também para regular o pH (acidez) de um produto. Porém, a dietanolamina foi considerada pela Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro como “potencialmente cancerígena para humanos, com evidências comprovadas em animais”.

Fonte:

What to avoid in your toothpaste? – Gently by Curaden [Internet]. Gently. 2021 [citado 10 de agosto de 2022]. Disponível em: https://gently.curaden.com/what-to-avoid-in-your-toothpaste/