Os estudos mais recentes parecem sugerir mais prós do que contras no que diz respeito à adoção de uma dieta vegetariana equilibrada.
Sejam quais forem as razões (crenças religiosas, preocupações ambientais, fatores culturais ou questões de saúde), a dieta vegetariana está a ganhar cada vez mais adeptos.1 Embora todos excluam a carne e o peixe da sua dieta, nem todos os vegetarianos adotam o mesmo padrão alimentar, o que pode explicar alguma controvérsia nos estudos relativos aos riscos e benefícios deste tipo de dieta.2
Existem, então, quatro tipos de vegetarianos3:
- Ovolactovegetarianos: não comem carne nem peixe, mas a sua dieta inclui ovos e laticínios;
- Lactovegetarianos: a sua dieta inclui laticínios, mas não permite carne, peixe nem ovos;
- Ovovegetarianos: consomem ovos, mas não carne, peixe ou laticínios;
- Vegans: adotam uma dieta sem qualquer produto de origem animal.
Os estudos mais recentes parecem sugerir mais prós do que contras no que diz respeito à adoção de uma dieta vegetariana equilibrada. Contudo, os padrões mais restritivos, nomeadamente a dieta vegan, podem representar algum risco de deficiência nutricional.
Os estudos mais recentes parecem sugerir mais prós do que contras no que diz respeito à adoção de uma dieta vegetariana equilibrada. Contudo, os padrões mais restritivos, nomeadamente a dieta vegan, podem representar algum risco de deficiência nutricional.4
Benefícios da dieta vegetariana
Vários estudos têm concluído que, em comparação com dietas não-vegetarianas, a qualidade geral da dieta vegetariana é mais elevada (avaliada através do índex Healthy Eating Index 2010 [HEI-2010]).5 Como em qualquer escolha alimentar, a chave está no equilíbrio nutricional. Assim, uma dieta vegetariana equilibrada deve incluir fruta, hortícolas, laticínios (ou alternativas vegetais), cereais e tubérculos, frutos secos e sementes, gorduras e, no caso dos padrões que o permitem, ovos.3
Garantindo este equilíbrio, são vários os benefícios da dieta vegetariana:
- Menor risco de doenças crónicas: pelo maior consumo de fruta, vegetais, leguminosas, cereais integrais e frutos secos, o risco de contrair doenças crónicas é menor em pessoas que adotam a dieta vegetariana, em relação à dieta omnívora. Estão em causa doenças como a diabetes tipo 2, a obesidade e até alguns tipos de cancro.3,4,5,6
- Níveis inferiores de colesterol: geralmente, devido ao menor consumo de gorduras saturadas, os vegetarianos apresentam valores de colesterol total e LDL inferiores aos não-vegetarianos.4
- Melhor saúde cardíaca: em comparação com os não-vegetarianos, quem adota qualquer um dos padrões da dieta vegetariana apresenta menor risco de morte por doença isquémica cardíaca. Além disso, o risco de hipertensão arterial, bem como de doença cardiovascular, é também menor nos vegetarianos.5,6
- Maior facilidade na manutenção do peso: devido ao menor (ou nenhum) consumo de alimentos de origem animal, a manutenção do peso parece ser mais eficaz em quem adota uma dieta vegetariana.6
Possíveis riscos da dieta vegetariana
A dieta vegetariana – e, principalmente, a sua variante vegan – apenas será prejudicial para a saúde no caso de ser mal planeada, pondo em risco a ingestão adequada de todos os nutrientes essenciais.3,4
Nesta dieta, as vitamina B12 e D são aquelas cujo risco de insuficiência é maior, já que se encontram maioritariamente em alimentos de origem animal.3,4,6 Outros nutrientes que precisam de atenção são o cálcio, o ferro, o zinco e o ómega-3.6 Esta atenção deve ser redobrada em fases específicas da vida, nomeadamente a infância e adolescência, a gravidez e amamentação e ainda a terceira idade.3,4 Assim, caso estejamos a seguir algum tipo de dieta restritiva, é importante darmos conhecimento disso ao nosso médico, pois, como acontece com a adoção de qualquer dieta, é sempre aconselhado o acompanhamento por um profissional de saúde qualificado.3, 7
Apesar de ser necessária mais investigação no que diz respeito à saúde óssea dos vegetarianos, existem já alguns estudos que sugerem que o risco de fraturas ósseas é maior em quem segue uma dieta vegan. Porém, este risco não se aplica a dietas menos restritas, já que não se notam diferenças entre não-vegetarianos e ovolactovegetarianos, no que diz respeito à saúde óssea.8 Tendo em conta a importância do cálcio para os ossos, quem segue uma dieta vegan (e, por isso, não consome laticínios, a principal fonte deste mineral)9 deverá reforçar a ingestão deste nutriente através de alimentos como amêndoas, sementes de sésamo, vegetais de folha verde, fruta desidratada ou bebidas de soja, arroz ou aveia enriquecidas com cálcio.10
Referências
1 Dinu M, Abbate R, Gensini GF, Casini A, Sofi F. Vegetarian, vegan diets and multiple health outcomes: A systematic review with meta-analysis of observational studies. Critical Reviews in Food Science and Nutrition [Internet]. 22 de Novembro de 2017 [citado 19 de Fevereiro de 2021];57(17):3640–9. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26853923/
2 Leitzmann C. Vegetarian diets: what are the advantages? Forum Nutr [Internet]. 2005 [citado 19 de Fevereiro de 2021];(57):147–56. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15702597/
3 Silva SCG, Pinho JP, Borges C, Santos CT, Santos A, Graça P. Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável [Internet]. Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável – DGS; 2015 [citado 19 de Fevereiro de 2021]. Disponível em: https://nutrimento.pt/activeapp/wp-content/uploads/2015/07/Linhas-de-Orienta%c3%a7%c3%a3o-para-uma-Alimenta%c3%a7%c3%a3o-Vegetariana-Saud%c3%a1vel.pdf
4 Pedro N. Dieta vegetariana: factos e contradições. Medicina Interna [Internet]. 2010 [citado 19 de Fevereiro de 2021];17(3):173–8. Disponível em: https://www.spmi.pt/revista/vol17/vol17_n3_2010_173_178.pdf
5 Parker HW, Vadiveloo MK. Diet quality of vegetarian diets compared with nonvegetarian diets: a systematic review. Nutr Rev [Internet]. 1 de Março de 2019 [citado 19 de Fevereiro de 2021];77(3):144–60. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30624697/
6 Craig WJ. Nutrition concerns and health effects of vegetarian diets. Nutr Clin Pract [Internet]. Dezembro de 2010 [citado 19 de Fevereiro de 2021];25(6):613–20. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21139125/
7 Pimentel D, Tomada I, Rêgo C. Alimentação vegetariana nos primeiros anos de vida: considerações e orientações. Acta Portuguesa de Nutrição [Internet]. 2018 [citado 19 de Fevereiro de 2021];(14):10–7. Disponível em: https://actaportuguesadenutricao.pt/wp-content/uploads/2018/11/03_Alimenta%C3%A7%C3%A3o-vegetariana-nos-primeiros-anos-de-vida-considera%C3%A7%C3%B5es-e-orienta%C3%A7%C3%B5es.pdf
8 Appleby PN, Key TJ. The long-term health of vegetarians and vegans. Proc Nutr Soc [Internet]. Agosto de 2016 [citado 19 de Fevereiro de 2021];75(3):287–93. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26707634/
9 Direção-Geral da Saúde. Cálcio [Internet]. Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. [citado 4 de Fevereiro de 2021]. Disponível em: https://alimentacaosaudavel.dgs.pt/nutriente/calcio/
10 Vegetarian and vegan diets Q&A [Internet]. nhs.uk. 2018 [citado 19 de Fevereiro de 2021]. Disponível em: https://www.nhs.uk/live-well/eat-well/vegetarian-and-vegan-diets-q-and-a/